24/11/2023 - 09:00 - 11:00
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48482 - NOTIFICAÇÃO DE PNEUMOCONIOSES EM TEMPOS DE PANDEMIA: UM APAGÃO DE RISCO PARA OS TRABALHADORES
MARY LOPES REIS - IFG CAMPUS GOIÂNIA OESTE, HELOÍSA DE BRITO OLIVEIRA - IFG CAMPUS GOIÂNIA OESTE, MARIANA MARTINS ROSA - IFG CAMPUS GOIÂNIA OESTE, IDELMA FERREIRA DE OLIVEIRA BARBOSA - CEREST GOIÂNIA
As pneumoconioses são doenças pulmonares causadas por inalação e acúmulo de poeiras inorgânicas nos pulmões com reação tissular que desencadeia alterações no parênquima pulmonar em virtude da exposição ocupacional a substâncias como sílica, asbesto, ferro, carvão, entre outras. O estado de Goiás encontra-se no 3º lugar em faturamento pela atividade mineradora no Brasil. Como essa doença leva a sintomas que se confundem com as demais Síndromes Respiratórias, questiona-se como se deu o diagnóstico e tratamento das pessoas acometidas durante a pandemia de COVID-19. Estudo descritivo de abordagem quantitativa, avaliou as notificações compulsórias de pneumoconioses no município de Goiânia entre 2008 e 2022. Evidencia-se 76 notificações entre os anos 2008 e 2018, apenas três em 2019 e uma em 2022. Todos os sujeitos eram do sexo masculino, tiveram como substância de contato a sílica, 16 deles tiveram também contato com outras poeiras abrasivas; 62% se declararam fumantes ou ex-fumantes. Os garimpeiros respondem por 67 notificações, dois pedreiros, dois lavradores e as demais fichas não informaram a ocupação. Observa-se que são trabalhadores jovens, cerca da metade deles trabalhou menos de 10 anos. Quase metade dos casos evoluiu para incapacidade permanente parcial, o restante está distribuído em tuberculose, limitação crônica, incapacidade permanente total e quatro evoluíram para óbito. Um trabalhador evoluiu para câncer. A maioria das fichas de notificação apresenta preenchimento incompleto, como por exemplo a escolaridade, o que dificulta o planejamento de políticas públicas de saúde adequadas a essa população. A discrepância entre o período de diagnóstico clínico e a notificação no SINAN, em sua maioria, varia entre dois e quatro anos, o que sinaliza a necessidade de mais pesquisas em favor do diagnóstico precoce, facilitando a diferenciação das doenças ocupacionais de outros agravos. Há estudo que demonstra declínio nas Internações Hospitalares e aumento das taxas de Letalidade Hospitalar por “outras doenças respiratórias” durante os oito primeiros meses de pandemia, o que leva a crer que há casos de pneumoconioses não diagnosticados e não notificados. A Vigilância Sanitária, com sua capilaridade e como uma das áreas da Vigilância em Saúde mais bem estruturada, atua em diversos pontos da cadeia produtiva da mineração e apresenta, assim, condição ímpar de colaborar para a reversão deste apagão de dados sobre pneumoconioses no período de pandemia.
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