23/11/2023 - 09:00 - 12:00 DT 35 - As ações dos laboratórios de Saúde Pública em articulação com os serviços de Vigilância Sanitária |
45787 - AS DARK KITCHENS CHEGARAM PARA FICAR: DESAFIOS PARA A VIGILÂNCIA SANITÁRIA E A PROTEÇÃO À SAÚDE DENILSON SOUSA RIBEIRO - FACULDADE DESCOMPLICA, LÚCIA DIAS DA SILVA GUERRA - FACULDADE DE SAÚDE PÚBLICA - USP, MARIA CRISTINA DA COSTA MARQUES - FACULDADE DE SAÚDE PÚBLICA - USP
A COVID-19 acelerou o crescimento das dark kitchens como um reflexo da desestabilização econômica da época, que forçaram os restaurantes a fecharem suas portas, criando a necessidade de pontos de venda alternativos. No contexto dos grandes centros urbanos brasileiros, especialmente em São Paulo-SP, observou-se o crescimento substancial das dark kitchens - conjunto de cozinhas industriais que operam apenas em sistema de distribuição descentralizado. Por serem um investimento de custo reduzido e de alto retorno lucrativo, elas se tornaram a solução para empresários do ramo alimentício, representando um em cada três restaurantes cadastrados em apps, como a plataforma iFood. Diante disso, tem-se o seguinte questionamento: Quais são os desafios sanitários trazidos pelas dark kitchens? O objetivo deste trabalho foi identificar e problematizar alguns desses desafios para a vigilância sanitária a partir do campo da saúde pública. Para responder tal pergunta, foi realizado um levantamento bibliográfico exploratório a partir de artigos científicos disponíveis, projetos de pesquisas em andamento, sítios eletrônicos de órgãos governamentais e jornalísticos. As dark kitchens representam hoje cerca de 35% dos “restaurantes” em São Paulo-SP, trazendo desafios de diferentes aspectos: sanitário, ambiental, social, econômico e político. Alguns exemplos são os altos níveis de ruídos dos equipamentos durante 24 horas por dia, o forte cheiro característico das preparações produzidas, a poluição do ar com a produção de resíduos e partículas de gordura que são expelidas dos exaustores para as casas e prédios vizinhos, o trânsito intenso de entregadores e a descarga de mercadorias. Assim, tem-se um impacto negativo sobre a qualidade de vida da comunidade local, diante do empreendimento construído geograficamente nos bairros residenciais, de forma rápida, sem diálogo com a comunidade e que representa um desafio para as autoridades de vigilância sanitária quanto à falta de registro oficial e de inspeções realizadas antes de sua abertura. Este trabalho possibilitou identificar a existência de diversos desafios para a vigilância sanitária, além das vigilâncias epidemiológica, ambiental e de saúde do trabalhador, na sua capacidade de regulação, fiscalização e orientação pública, com um plano de ação específico para as dark kitchens, buscando cumprir o seu papel como órgão público que atua para eliminar, diminuir e prevenir os riscos à saúde pública.
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