23/11/2023 - 09:00 - 12:00 DT 35 - As ações dos laboratórios de Saúde Pública em articulação com os serviços de Vigilância Sanitária |
45779 - AVALIAÇÃO GENÔMICA DE SARS-COV-2 POR MEIO DA WASTEWATER BASED EPIDEMIOLOGY NO RIO DE JANEIRO ANDRESSA SILVA GONÇALVES DE BRITO - FIOCRUZ, MARIANA MAGALDI DE SOUZA LIMA - FIOCRUZ, MAYAN PRESS GOLDFREIND - FIOCRUZ, KAYO CESAR FERNANDES BIANCO - FIORUZ, MAYSA BEATRIZ MANDETTA CLEMENTINO - FIOCRUZ
Os corpos de águas residuais podem conter informações valiosas sobre a saúde e o comportamento de comunidades de um modo geral. Essas matrizes vêm sendo estudadas por meio da Wastewater Based Epidemiology (WBE) que é uma ferramenta da vigilância em saúde, com intuito de responder perguntas que possibilitem agilizar e aprimorar respostas e ações em uma determinada população frente a diversas situações. Durante a pandemia da doença do coronavírus 2019 (COVID-19) pesquisadores de diversos países buscaram validar a WBE na detecção da circulação do vírus da síndrome respiratória aguda grave (SARS-CoV-2), causador da COVID-19. Esta abordagem vem se mostrando eficaz visto que, mesmo sendo um patógeno que afeta principalmente o sistema respiratório, o SARS-CoV-2 também está presente no trato gastrointestinal e é expelido pelas fezes de indivíduos infectados, desde o período de incubação, quando o indivíduo ainda não apresenta sinais clínicos. O objetivo deste estudo foi avaliar a diversidade genética de SARS-CoV-2 em duas estações de tratamento de águas residuais no município do Rio de Janeiro, por meio da vigilância genômica ambiental utilizando a abordagem de WBE. Para isso, foram selecionadas duas estações de tratamento de águas residuais hospitalar (ETAR1) e mista (ETAR2). Durante o período de janeiro a dezembro/2021 foram realizadas coletas semanais, totalizando 152 amostras, 76 da ETAR1 e 76 da ETAR2. As amostras foram submetidas a concentração com PEG8000 e a detecção do RNA do SARS-CoV-2 foi realizada utilizando iniciadores do gene E e N1. Na ETAR1, 47,4% (36/76) das amostras do afluente e efluente apresentaram o gene E. As amostras negativas para o gene E (n=40), foram avaliadas quanto a presença do gene N1, onde 11,6% (13/40) das amostras da ETAR1 apresentaram o gene N1 afluente e efluente. A ETAR2 teve apenas 5,3% (4/76) de amostras positivas onde o gene E e foi o único presente. As amostras semanais da ETAR1 foram agrupadas de acordo com o mês de coleta durante todo o período do estudo. Até onde sabemos, detectamos a variante Mu (B.1.621) contendo mutações características (S:E484K, S:N501Y) da ETE, pela primeira vez, no Brasil. A WBE tem se demonstrado uma ferramenta vantajosa e de baixo custo para o monitoramento da COVID-19, apresentando resultados consistentes que complementam a vigilância epidemiológica clínica e embasando ações da vigilância sanitária relacionadas à prevalência, diversidade genética e distribuição geográfica deste vírus.
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