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45776 - INTOXICAÇÕES POR AGROTÓXICOS AGRÍCOLAS, COM EXPOSIÇÃO DURANTE O TRABALHO, NO ESTADO DE SÃO PAULO DE 2007 A 2022 - DISTRIBUIÇÃO ESPACIAL E INCIDÊNCIA. PAULO EDUARDO ALVES CAMARGO-CRUZ - USP, MARIA VICTORIA MUNIZ DE SOUZA - USP
No Estado de São Paulo, a agricultura é um setor que têm relevância social e econômica (milhares de empregos, alto consumo e exportação da produção e transferência significativa de impostos devido à sua atividade). Estimativa do CEPEA/Esalq/USP, indica que o PIB do agronegócio paulista evoluiu 8,27% em 2020. Paralelamente, o setor apresenta práticas que se traduzem em precarização, acidentes e óbitos no trabalho. Um estudo, de base nacional, avaliou que no período de 2000 a 2010, ocorreram no Brasil, 8.923 óbitos de trabalhadores da agropecuária em decorrência de acidentes de trabalho. Destes, 207 foram decorrentes de intoxicações por agrotóxicos, número evidentemente subnotificado e/ou sub-registrado. Outro estudo, também nacional, indica que entre 2001 e 2014, as notificações de intoxicação por agrotóxico no Brasil totalizaram 80.069 no período, com tendência de aumento. A associação entre monoculturas e a ocorrência de alguns tipos de câncer foi avaliada em um estudo e o resultado foi uma correlação positiva, devido principalmente a utilização excessiva de agrotóxicos na produção (no caso paulista, de cana de açúcar). Nosso trabalho avaliou a distribuição espacial das intoxicações por agrotóxicos agrícolas, com exposição durante o trabalho, no Estado de São Paulo no período de 2007 a 2022. Os dados foram coletados no SINAN/DATASUS e utilizamos ferramentas de análise de estatística espacial e produção de mapas para efetuar a avaliação dos territórios em que ocorreram estas notificações. Para facilitar a análise, dividimos em quatro blocos (2007-2010, 2011-2014, 2015-2018 e 2019-2022) o período total. A faixa etária utilizada para estes dados foi a de 15 até 80 anos ou mais, para ambos os sexos. No período, identificamos 2.156 notificações (uma média de 134,75/ano) e uma tendência de aumento para estas. Entre os blocos divididos, houve um aumento de 51,49% do primeiro ao quarto. As mesorregiões de Presidente Prudente, Ribeirão Preto, Araçatuba e São José do Rio Preto apresentaram variações significativas nos percentuais de notificações nos períodos estudados. Em números absolutos, as mesorregiões de Campinas e Itapetininga possuem registros importantes. Os resultados comprovam que a incidência de intoxicação por agrotóxicos no Estado de São Paulo, segue tendência de aumento e é preocupante por, entre outros motivos, a categoria escolhida neste trabalho ser a das intoxicações por exposição ao trabalho durante a aplicação, evidenciando o alto risco laboral.
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